Viajante Cia Eco

Chegando em Buenos Aires fui logo recebido pelo motorista que me aguardava no Aeroporto e Pablo da operadora local já entrou em contato para acertar tudo em relação ao transfer e voo futuro para Calafate.

Buenos Aires é realmente uma cidade muito linda, seus edifícios Art Nouveau e Art Deco bem preservados são uma joia que resplandece na cidade, aqui vale uma critica a nós brasileiros que muitas vezes não damos valor a nossa arquitetura e prédios históricos, possuímos edifícios tão lindos em nossas cidades, mas muitas vezes negligenciados e decadentes, damos valor apenas aquilo que é novo e moderno. Voltando à Buenos Aires, a cidade muitas vezes conhecida como a Paris das Américas nos recebe muito bem e nos mostra toda a sua beleza, achei a cidade muito segura, extremamente tranquila para se caminhar com o celular mesmo a noite, algo infelizmente difícil em nossas cidades hoje em dia. O Hotel Palladio – Mgallery muito bem localizado na Recoleta é bem confortável e s ua localização foi essencial para uma boa exploração da cidade.

Para quem gosta de livros e cultura não deve deixar de visitar a livraria EL Ateneo Splendid, realmente deslumbrante, montada em um antigo teatro e com um grande acervo que cria um ambiente aconchegante e extremamente lindo. Esta livraria foi classificada pelo The Guardian como a segunda livraria mais bonita do mundo, realmente vale a visita. A poucas quadras está o famoso Cemitério da Recoleta onde Eva Peron (Evita) está enterrada e a igreja de Nuestra Señora del Pilar de 290 anos. Ali perto você também encontra a Universidade de direito, Museus e belíssimos jardins para passear calmamente. A famosa região de Puerto Madero vale a vista também, a região do cais restaurada é cheia de bons restaurantes e edifícios modernos mostram a outra face desta metrópole. O premiado bar CoChinChinaB ar em Palermo bem como o restaurante do Circulo italiano, este fica em uma antiga mansão onde você pode jantar no jardim ao fundo, muito aconchegante mesmo. Para quem deseja um toque especial em seus sentidos, a perfumaria Fueguia é uma boa pedida, suas fragrâncias utilizando-se plantas da patagônia são excelentes.

Na região do Teatro Colón a Confitería La ideal, que infelizmente estava fechada, é um ponto interessante a se visitar caso esteja aberta, mas não vai faltar bons cafés por toda a região. No Teatro Colón, considerado o de melhor acústica do mundo, você pode fazer uma visita guiada onde é explicada sua história e você pode conhecer seus diversos salões. É realmente imperdível, majestoso, imponente e de uma beleza estrema é um ponto que não pode faltar em sua visita. As Galerias Pacífico e Güemes também são pontos interessantes para se visitar.

Para quem deseja um show de tango no estilo mais tradicional, pode visitar o Bar Sur localizado no quarteirão histórico do circuito turístico de San Telmo. Este foi o primeiro bar a fazer shows de tango em Buenos Aires, não espere por nada luxuoso, aqui você vai encontrar um ambiente onde velhos amigos se encontram para tocar, cantar, dançar e curtir a vida boemia de Buenos Aires.

Outros lugares de interesse são o novo Mercado de los Carruajes, Café Tortoni, London City o Bairro do Boca com suas casas pintadas bem coloridas e etc, e também não pode faltar a visita a Casa Rosada, a sede do governo argentino. Bem poderia ficar falando um bom tempo ainda, a cidade é realmente incrível e bonita, mas tenho ainda uma longa viagem para relatar, então vamos lá.

No dia seguinte, logo cedo peguei o voo para Calafate, onde a grande aventura ao Fim do Mundo começaria. A pequena e simpática cidade com sua avenida vibrante cheia de lojas e restaurantes tem um clima bem gostoso. Ao andar na avenida achei uma placa em que meus olhos brilharam, rs. tinha uma seta apontando para Antártida indicando 1849 kms, meu sonho cada vez mais próximo, mas aí já é outra história. Voltemos a Terra, ou melhor a Patagônia. O Hotel Esplendor by Wyndham é bem legal, ele fica no alto de uma colina com uma lindissima vista para o lago Argentina, o maior do País, o único problema é que se você desce, vai ter que subir depois, mas já serve como treinamento pelo que virá ela frente, afinal estamos nas montanhas.

Meu primeiro passeio foi ao Braço Rico, ou Braço Sur visitando uma estancia típica da Patagônia. A paisagem é linda com a transição do clima desértico para o húmido com a vista de montanhas nevadas e lagos, no caminho também é possível se avistar lebres e pássaros como falcões. Ao se chegar a estancia se vê inúmeras ovelhas, vacas e cavalos podendo apreciar e ver explicações de como era a vida dos gaúchos pioneiros. Hoje grande parte deste modo de vida está em declínio devido a construção do Canal do Panama do invento de fibras sintéticas. Lá você pode almoçar a comida típica da região num clima bem pitoresco. Mais tarde, você caminha pelos bosques patagônicos e faz uma na vegação pelo Braço Rico ao sul do famoso Glaciar Perito Moreno. Os Icebergs no lago são lindos, de um azul vibrante não nos deixam desviar o olhar e para finalizar, visita-se as passarelas onde se tem uma excelente visão da majestosa geleira. As cores, o som do gelo se partindo e as paisagens realmente emocionam, é extremamente belo.

O outro passeio foi um cruzeiro pelo grande lago Argentina, nele durante todo o dia você navega e visita diversos glaciares entre os vales escavados por geleiras em eras passadas lotados de icebergs, é encantador, todos os tons de azuis o branco se misturando entre o céu, o lago e as montanhas nevadas e o vento frio tocando sua pele. É uma sensação indescritível, uma experiencia única, realmente isto fez com que meu sonho pela Antártida ficasse maior ainda. A beleza é tamanha que nos emociona. O que achei muito legal é que o barco se aproxima dos glaciares e dá varias voltas, assim todos sempre terão a oportunidade de ver e bater fotos incríveis. Ao final você chega bem pertinho do lado Norte do Glaciar de Perito Moreno. Eu já estive nas geleiras de Columbia IceField no Ca nadá que eram impressionantes também e posso afirmar que este passeio da Argentina está entre os mais belos que já vi até hoje, recomendo muito, sem limites de idade ou condição física.

Agora era hora de ir para a fase mais extrema de minha viagem, visitando um ambiente mais intocado e selvagem como sempre gosto em minhas viagens. O caminho para El Chaten é muito belo, o vento forte da Patagonia as vezes faz a viagem ser mais demorada porque é muito forte mesmo, mas a paisagem entre as montanhas é sempre linda com muitos lagos as vezes de um azul lindo ou verde. A cidade de El Chaten é bem bonita, pequena, mas bem arrumadinha. Como fiquei no Explora El Chaten seguimos em frente. O caminho mesmo com chuva é muito bonito. O Vale entre as montanhas e o rio Eléctrico dá um charme especial ao lugar. Esteja preparado, a chuva faz parte da brincadeira. Ao chegar no Explora sub chuva fui calorosamente recebido e tudo me foi explicado avisando que mais tarde às 17:30 haveria um Briefing onde tudo seria detalhado.

No Briefing eles nos explicam tudo e após a palestra uma pessoa senta com a gente e nos mostra todas as opções de passeios, explicando os níveis de dificuldade. Neste primeiro contato Flor me auxiliou nas tantas possibilidades (a atenção deles é incrível, sempre tentando oferecer aquilo que você realmente espera) e eu acabei escolhendo um tracking de 15 km para iniciar e ver como me sentiria após estes anos de pandemia. Todos sem exceção me trataram muito bem e pelo nome, não sei como conseguem, eu só não esqueço meu nome porque as pessoas ficam me chamando rss. O Explora de El Chaten é montado no estilo Container, do tipo de estações da Antártida, por dentro um ambiente pequeno e aconchegante todo em Madeira, tudo era muito novo. O quanto era muito bom, com uma excelente e confortável cama com uma vista estonteante para o vale do Rio Electrico e seu glaciar ao fundo. Você não cansa de olhar. Só para finalizar sempre ao final do dia eles escrevem em uma lousa todos os passeios e horários de saída agendados para o dia seguinte.

No meu primeiro Tracking, o dia estava chuvoso logo cedo e as outras pessoas que iriam, acabaram desistindo, então eu fui sozinho com o guia. Este percurso visitava duas belas lagoas, uma delas, uma lagoa azul turquesa e outra verde e depois descendo e subindo muitas vezes pelo vale ia até a Laguna del Diablo onde você tinha vista do monte Fitz Roy, o Rio del Diablo onde vi bem distante os patos das torrentes e ao subir a Morena, se tem uma vista do Glaciar Cagliero e da própria Laguna del Diablo, na volta tive uma vista espetacular das duas lagoas visitadas antes. Como o tempo havia melhorado a vista era muito bonita, realçando suas cores. À tarde após marcar meu segundo tracking a gerente do hotel veio conversar comigo sobre um pequeno problema de atraso ocorrido no meu transfer no dia anterior, na verdade como disse para ela, tudo já havia sido resolvido com maestria pelo pessoal da CIaEco e do Explora e de nada havia impactado em minha viagem. Aqui fica uma observação minha para aqueles que gostam de reclamar de tudo, por mais que sempre se tente coordenar todos os passos e ações, problemas podem ocorrem devido a toda complexidade, acho que é praticamente impossível que na vida de vocês nunca tenha ocorrido um contra tempo então um pouco de bom senso de todos sempre é bom. Achei que o pessoal do Explora foram super atenciosos e realmente me surpreenderam positivamente com todo seu cuidado e atenção.

O meu segundo tracking foi para a Laguna Torres, novamente com muitas subidas e descidas e com o caminho cheio de pedras, mas com vistas incríveis, o dia estava ensolarado o que ajudou bastante. Após se caminhar bastante com lindas paisagens que me faziam esquecer todo esforço chegamos a um lago com uma vista espetacular do cerro Fitz Roy e um imenso glaciar que descia pelas suas encostas despejando icebergs pelo lago de águas leitosas. Extremamente lindo mesmo, vale qualquer esforço para chegar lá.
O meu ultimo Tracking resolvi pegar algo mais leve, fiquei com receio porque ainda teria vários caminhos a percorrer em Torres del Paine ainda e resolvi me poupar um pouco. Hoje vejo que até daria para pegar algo mais complicado, mas a gente tem que respeitar nossos limites, afinal quando você chega ao lugar é apenas a metade do caminho, não se pode esquecer que a volta pode ser tão dura ou mais até que a ida, pois você já pode estar cansado. Fiz a Reserva Vespigniani na qual você navega pelo Lago del Desierto e depois faz umas trilhas pela floresta. Fizemos o percurso completo até o considerado difícil subindo a montanha para ter uma boa visualização do glaciar.

No dia seguinte parti para Torres del Paine. Muito atenciosa, a gerente do hotel pediu para que fizessem um lanche para a viagem ao Chile. A longa viagem foi tranquila com belas paisagens e o motorista muito comunicativo, fomos conversando todo o percurso. Entrando no Chile, logo se via as grandes Torres entre as nuvens e ao entrar no parque a estradinha ia circundando lindos lagos e vales. Ao chegar no Hotel Explora de Torres del Paine, fui novamente calorosamente recebido e após os tramites iniciais a gerente me apresentou todo o Hotel explicando tudo e como no de El Chaten me informando sobre o Briefing. Ao chegar ao quarto o que realmente impressiona é a vista do maciço de Torres del Paine, realmente lindo, o quarto era muito bem decorado e mais uma vez o Explora me surpreendeu, acho que pelo do pequeno transtorno ocorrido naquele transfer de Calafate me c olocaram na Suíte Exploradores, o quarto era maravilhoso, fiquei sem palavras.

No Briefing me foram passadas informações sobre o funcionamento e logo após fui marcar as atividades do dia seguinte. A previsão para o dia seguinte era de chuva então por sugestão do consultor escolhi o Valle del Frances para o dia seguinte e deixei pré-agendado o tracking para tentar ver os Pumas (Aonikenk) e Nordenskjöld e para o último dia o Glaciar Grey já que havia previsão de tempo bom.

O tracking para o Valle del Francês vai contornando lagos, subindo e descendo como sempre em um caminho cheio de pedras, mas de grande beleza. Ele finaliza ao se subir a Morena de onde se visualiza o vale por um lado e o Glaciar ao outro. A volta se dá por um outro caminho percorrendo o outro lado do mesmo lago.

No dia seguinte, meu próximo tracking par tentar ver animais. Esta era a grande incógnita, eu conseguiria ver os Pumas? Após muitos safaris de experiencia, sei que quem manda é a natureza, somos apenas expectadores, mas um pouco de sorte sempre ajuda. Começamos a subir a montanha e ao alto já se via um guanaco, o guia nos disse que ele era a sentinela procurando por algum perigo. Haviam alguns pássaros e a paisagem sempre muito bonita, continuamos subindo e passamos ao lado do guanaco, uma espécie de camelídeo da família das lhamas, alpacas e vicunhas nativa dos Andes. Quando estávamos um pouco mais a frente o guanaco começou a gritar o sinal de perigo, quando vimos no alto da colina havia um enorme Puma observando, ele olhou ao redor, depois seguiu para o outro lado achando que não valia o esforço, afinal já havia sido descoberto, continuamos pela trilha até chegar em uma pequena caverna com pinturas rupestres, na volta avistamos um outro Puma dormindo em uma caverna nas montanhas bem distantes. Realmente foi muito bom, porque ver animais livres na natureza é sempre complicado, ainda mais quando se está a pé pelas distancias percorridas que são infinitamente menores que em um avistamento do estilo game drive. À tarde fui no Tour a Nordenskjöld, uma trilha extremamente fácil que você tem belas paisagens ao redor, você pode ver o Salto Grande, lagos de cor Azul Turquesa e as belas montanhas ao redor. Nesta tarde o vento estava bem forte, uma característica da Patagônia, e a volta foi com chuva e muito vento para animar um pouco o trajeto.

No meu último passeio full day fui ao Glaciar Grey, o Tracking até que foi bem tranquilo, com um terreno com algumas subidas e descidas e 12 KM você chega até um enorme glaciar que acaba em m lago com muitos icebergs, depois da pausa para o lanche, você pega um barco e navega entre os Icebergs até chegar bem próximo aos Glaciares, muito similar aquele que fiz em Perito Moreno na Argentina. Ao final você caminha mais uns 4 km e depois pega uma Van para o Hotel. É um lindo passeio, vale o esforço.

Era o meu ultimo dia em Torres del Painel, no dia anterior já havia conseguido fotografar o nascer do sol nas montanhas, mas neste ultimo dia haviam mais algumas nuvens, sabia que seria especial e fiquei esperando. Quando a luz do sol começou a aparecer avermelhada o show havia começado. Espetacularmente lindo as montanhas e nuvens alaranjadas sendo refletidas pelas águas do lago Pehue. As fotos ficaram incríveis.

Só mais uma coisa que esqueci de mencionar, como em El Chaten, eles marcam na lousa os passeios do dia e horários de saída e além disto tem uma tabela com o número dos quartos e os passeios que vocês escolheram, assim se você tiver alguma dúvida está tudo lá. Há uma outra lousa que eles marcam o horário do nascer e por do sol, assim você não perde nada. A organização do Explora é exemplar e qualquer dúvida que tenha, eles sempre estão prontos para te ajudar.

Minha viagem estava chegando ao final, a última parada era Punta Arenas, a viagem de 6 horas foi bem tranquila e ao chegar pude conhecer a cidade que é bem pequena e bem bonita (moro em São Paulo, então muitas vezes quando cito que é pequena, pode ser relativo), ela fica ao lado do Canal de Magalhães e você pode ver a Ilha da Terra do Fogo ao fundo. O vento é constante e frio e as vezes um pouco de chuva. No dia seguinte fui ao passeio na Ilha Marta e na Ilha Magdalena. Saindo as 6:00h da manhã do Hotel, você pega um barco e navega até a Ilha Marta, uma grande ilha rochosa onde se vê centenas de aves marinhas e leões marinhos, você não pode descer, então vale a pena ter um bom zoom ou lentes para fotos. A próx ima para é na Ilha Magdalena onde podemos descer, há um caminho demarcado e você tem aproximadamente 1 hora para percorre-lo, lá será possível avistar Pinguins de Magalhaes, Atobás, Petreis, Gaivotas e Gansos. Aqui vale uma dica, vá bem agasalhado e com luvas, o vento é congelante.

As pessoas que me receberam em Punta Arenas foram super atenciosas e prestativas assim como em todas as outras localidades.

O silencio e a enormidade das montanhas sempre tem o poder de nos fazer refletir e esta viagem ao Fim do Mundo me fez reencontrar comigo mesmo após estes tempos tão difíceis e poder agradecer por todas as coisas boas que acontecem no nosso dia a dia.

Quero agradecer como sempre a toda a equipe da Cia Eco, todos os operadores, motoristas, empregados dos hotéis etc toda a equipe do Explora e a você Denise por fazerem mais uma vez esta viagem ter momentos inesquecíveis.

Obrigado a todos,

abraços,

Eduardo